CAMPO DA INVENÇÃO

A presente invenção diz respeito ao campo dos utensílios e pro- cessos para vitivinícola mundial. Mais especificamente a invenção diz respeito a um modelo de taça para bebidas, fabricado em material apropriado, cujo campo de aplicação compreende os artigos e utensílios domésticos para servir bebidas finas, tais como, bebidas espumantes. A presente invenção também diz respeito ao processo de fabricação da taça para bebidas.

FUNDAMENTOS DA INVENÇÃO

A vitivinicultura brasileira vem se destacando no cenário vitivinícola mundial. A produção de vinhos finos tem se mantido estável, devido ao aumento da oferta de produtos importados no Brasil. Diferentemente da produção e consumo de vinhos finos, a produção e o consumo de espumantes vem crescendo a cada ano. Segundo cadastro vinícola somente no ano de 2008 foram comercializados 9,47 milhões de litros de espumantes produzidos por vinícolas no Rio Grande do Sul (IBRAVIN 2009), com tendência de crescimento para o ano de 2009.

O grande potencial qualitativo pode ser comprovado através dos vários prémios auferidos aos produtos brasileiros nos principais concursos internacionais (http://redeabe.org.br/premiacoes.htm).

Tal magnitude vem despertando o interesse cada vez maior por esse produto, principalmente pelo caráter qualitativo. Por esse motivo, abriu- se um leque de oportunidades para desenvolver ações de divulgação e pro- moção do espumante brasileiro.

Muitas das tradicionais regiões produtoras no mundo, buscam a diferenciação na produção, regulamentação, sem contar, as diferentes estratégias de marketing para promover seus produtos.

Diversas evidências científicas sugerem que o formato da taça exerce um efeito importante na percepção da qualidade dos vinhos. Especificações como o diâmetro superior, volume e altura de bojo podem influenciar a concentração de substâncias aromáticas captadas pelos nossos senti- dos. Em diversas regiões vitícolas do mundo já foram desenvolvidas taças para melhor expressar as características determinadas pelas particularidades das variedades das uvas, das condições naturais (solo, clima e relevo) e da arte de vinificação. Hoje, vinhos de diferentes estilos são vinculados a taças que potencializam suas qualidades.

O espumante brasileiro também apresenta uma tipicidade única, definida por um terroir particular. A predominância de uma paisagem de coloração predominantemente verde é um dos distintivos da principal região de produção (Região Sul do Brasil), sendo um elemento que transpassa aos vinhos espumantes, marcados por uma delicadeza de aroma, frescor e nitidez de sabor. A tecnologia de produção, que respeita essas especificidades da matéria-prima, também é um elemento importante na definição do estilo do espumante nacional.

Tendo iniciado sua produção em 1915, o espumante brasileiro tem sua qualidade reconhecida internacionalmente. Para salientar a importância da identidade da produção nacional de espumantes, desenvolveu-se, através de um projeto de pesquisa, coordenado pela Associação Brasileira de Enologia, Embrapa Uva e Vinho e Cristallerie Strauss, uma taça que valoriza as características de cor, efervescência, aroma e sabor do espumante brasileiro. O modelo de taça para bebidas espumantes possui um interessante formato que alia linhas harmoniosas e estética moderna em prol da total comodidade e segurança oferecida para o usuário. A taça ainda possui um formato específico de forma a tornar as características do espumante melhores com relação ao que já existe no estado da técnica.

BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS

Figura 1 - Taça para bebidas espumantes. A) Abertura do bocal, B) Bojo, C) Gelo Pontiagudo, D) Haste, E) Base da taça

SUMÁRIO DA INVENÇÃO

A invenção diz respeito a um modelo de taça para bebidas, fa- bricado em material apropriado. Uma segunda concretização da invenção diz respeito ao processo de fabricação da taça para bebidas. DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO

Para um produto especial como o espumante brasileiro, é fundamental a expressão de todas as suas qualidades, seja de cor, aroma ou paladar. Assim, é necessária uma taça com características adequadas, que possibilitem acompanhar cada detalhe da degustação, apresentando originalidade, qualidade estética e de formato e, principalmente, adequação técnica às características específicas do produto (avaliação da perlage e efervescência, aroma e paladar) e também a funcionalidade quanto à prova (adequação ao beber, em repetição).

Com esse propósito, a Associação Brasileira de Enologia, Em- brapa Uva e Vinho e Cristallerie Strauss se dedicaram não apenas em utilizar todo o conhecimento técnico de suas equipes, em suas áreas de atua- ção: enologia, pesquisa e confecção de cristais, mas também reuniram e ouviram a opinião dos principais agentes envolvidos na elaboração, comer- cialização e promoção do espumante brasileiro.

A invenção proposta para o presente artefato de contenção e serviço de bebidas espumantes garante total exequibilidade técnica quanto à fabricação do mesmo, o qual apresenta características de modernidade e utilidade.

Confeccionada artesanalmente em fino cristal, a Taça do Espumante Brasileiro apresenta linhas finas e elegantes, um bojo sinuoso que valoriza a formação do perlage, uma boca estreitada que concentra a liberação de aroma e um encaminhamento da nobre bebida às mucosas.

Para um produto especial como o espumante brasileiro, é fun- damental a expressão de todas as suas qualidades, seja de cor, aroma ou paladar. Assim, é necessária uma taça com características adequadas, que possibilitem acompanhar cada detalhe da degustação, apresentando originalidade, qualidade estética e de formato e, principalmente, adequação técnica às características específicas do produto (avaliação da perlage e eferves- cência, aroma e paladar) e também a funcionalidade quanto à prova (adequação ao beber, em repetição).

Com esse propósito, foi desenvolvida a taça oficial do espuman- te brasileiro, objeto da presente invenção, que possui um formato peculiar que permite que os espumantes tenham um melhor perlage, efervescência, aroma e paladar.

A Taça do Espumante Brasileiro é feita por artesãos extrema- mente habilidosos formados na própria indústria. A matéria-prima utilizada para a confecção do cristal é criteriosamente selecionada, desde a areia, bem como os componentes químicos que farão parte da sua composição (Bórax, Carbonato de Sódio, Carbonato de Potássio, Nitrato de Potássio, Óxido de Arsénico e Litargírio 24% PbO).

A fusão plena destes elementos acontece a uma temperatura de aproximadamente 1460°C. Estando pronta a fundição, inicia-se o processo de fabricação do produto, onde o profissional colhe o material do forno por intermédio da cana de vidreiro que será soprado em um molde específico de acordo com o design da peça.

As fases seguintes serão a confecção da haste e a colocação da base da taça. Estas peças irão passar por um forno de alívio de tensões, ou seja, que irão acomodar as moléculas que se encontram desarranjadas em sua composição, evitando assim que ocorram os devidos choques térmicos em seu manuseio.

Os procedimentos de beneficiamento acontecem logo após o corte da capa, as bordas internas e externas das peças são suavemente lixadas e polidas por profissionais hábeis e qualificados para este serviço.

O processo de fabricação da taça envolve, portanto, as seguintes etapas:

- O cristal fundido é despejado numa fôrma e soprado pelo artesão através de uma cana de vidreiro para dar o formato externo e interno do bojo da taça;

- Haste é feita pelo método da "haste puxada", ou seja, coloca- se uma quantia de cristal líquido no molde o qual é literalmente puxado pelo artesão;

- A base da taça é produzida na forma de adição de cristal líquido na ponta da haste para ser moldada à mão até dar o formato correspon- dente;

- A taça de espumante ainda recebe um tratamento abrasivo no fundo interno do cálice.

A taça da presente invenção pode ser feita de vários materiais, incluindo, mas não estando limitado a, vidro, cristal, dentre outros. Preferencialmente para a presente invenção a taça feita em cristal 24% de óxido de chumbo.

A taça da presente invenção pode apresentar as seguintes características:

- Abertura bocal entre 40 a 55 mm de diâmetro, preferencialmente com 49 mm de diâmetro;

- Medida do Cálice entre 50 a 65 mm de diâmetro, preferencialmente com 59 mm de diâmetro máximo e altura entre 110 a 135 mm, preferencialmente de 126 mm;

- Haste com medida entre 2 a 10 mm de diâmetro mínimo, preferencialmente com 6 mm de diâmetro mínimo e altura entre 85 a 105 mm, preferencialmente de 97 mm;

- Base da taça com medida entre 55 a 75 mm de diâmetro, preferencialmente com 65 mm de diâmetro e altura entre 5 a 20 mm, preferen- cialmente de 12 mm;

- Altura total da taça entre 200 e 250 mm, preferencialmente de

235 mm.

A taça da presente invenção possui as seguintes características funcionais:

- Abertura bocal visivelmente menor que o bojo (Figura 1 A e 1 B), necessária para que o espumante seja despejado diretamente no fundo da taça, evitando que o líquido escorra pelas paredes internas;

- Gelo pontiagudo (Figura 1C) e com um tratamento abrasivo por micro-partículas proporciona a perfeita formação da periagem;

- Haste longa (Figura 1 D) evitando a transferência de calor humano para a bebida, pois não permite o contato direto com o cálice, ajudando a manter a temperatura do líquido; - Base da taça larga e pouco curvilínea (Figura 1 E) para garantir maior aderência à superfície e sustentação à taça.

EXEMPLOS

O processo para a escolha da taça foi desenvolvido em diversas etapas, tendo a participação de profissionais qualificados das principais entidades do setor de vinhos do Brasil.

Etapa 1 : Seleção Visual entre taças diversas.

Nesta fase focou-se principalmente na questão de definição do traço (ou desenho) principal da taça, considerando-se também a beleza es- tética e modernidade dos tipos. A avaliação foi conduzida em laboratório, sendo que, 62 jurados avaliaram 24 diferentes taças, reunindo os principais desenhos existentes. As avaliações foram individuais, sem a permissão de comentários. As notas foram tabuladas e as 6 melhores colocadas foram para a Etapa 2.

Etapa 2: Avaliação da funcionalidade.

Em condições de laboratório fez-se a avaliação técnica das 6 taças melhor pontuadas na etapa anterior. Nesta fase os profissionais foram solicitados a avaliar a qualidade da taça em uma situação real de prova, com um espumante brut "padrão" com as características sensórias e tipicidade da produção nacional. O espumante foi servido tentando manter sempre uma mesma altura e com a mesma velocidade para que esse processo influenciasse da menor forma possível a avaliação. Os painelistas foram solicitados a avaliar, individualmente, a qualidade das taças, focando nos quesitos exame visual (efervescência: exame de espuma e tamanho de borbulha); intensidade e qualidade de aroma e paladar. Solicitou-se, também, aos de- gustadores que considerassem a adequação da taça quanto a mecânica do provar repetidamente o produto. Participaram desta etapa 53 profissionais que deram notas para as diferentes taças. Os valores foram tabulados e escolhidas duas taças.

Etapa 3: Discussão dos resultados e ajustes finais.

Da etapa 2 foram selecionadas 2 taças que apresentaram maior pontuação, praticamente empatadas. Das observações coletadas por escrito decidiu-se promover pequenos ajustes nas dimensões de altura e diâmetro de bojo destas 2 taças, de forma a encontrar a taça mais adequada. Critérios técnicos relacionados a confecção da taça - apontados pelos especialistas da cristaleria Strauss - também foram considerados neste ajustamento. Participaram desse processo, um representante da Embrapa, um da ABE e um da Cristaleria Strauss.

Da etapa 3 originou-se as especificações técnicas da taça do espumante brasileiro. Esta taça foi testada novamente pela diretoria da Associação Brasileira de Enologia, a qual confirmou sua adequação técnica e estética para a valorização das características do espumante brasileiro.